O significado da Ceia do Senhor
Afinal de contas, qual o significado da Ceia do Senhor? Qual é a verdadeira Ceia do Senhor? E qual é o propósito dela para nós? #CrendoComoDizAEscritura
Uma Introdução ao verdadeiro significado da Ceia do Senhor
Afinal de contas, qual o significado da Ceia do Senhor? Qual é a verdadeira Ceia do Senhor? E qual é o propósito dela para nós? Por acaso, a verdadeira Ceia do Senhor consiste em uma cerimônia que fazemos em uma igreja uma vez por mês ou ela se trata de um ensinamento de Jesus com um determinado propósito? A cerimônia da santa ceia do senhor ministrada nas igrejas é da Lei de Moisés, é de Cristo, é do paganismo ou é invenção da tradição denominada cristã? Esse estudo sobre a verdadeira Ceia do Senhor responderá todas essas questões. Leia com calma e até o final.
O sentimento de culpa gerado pela falsa Ceia do Senhor
Para muitos de nós, devido à culpa gerada pelo texto pouco entendido que fala sobre “tomar a santa Ceia do Senhor indignamente”, essa cerimônia se tornou o momento de maior aflição dentro das chamadas igrejas. Esse, infelizmente, é um assunto ainda pouco compreendido; porém vamos, com a Graça de Deus, lançar luz sobre esse tema.
Santa Ceia, Santa Ceia do Senhor ou Ceia do Senhor?
Para iniciarmos, na bíblia não existe o termo “Santa Ceia do Senhor”, apenas “Ceia do Senhor”. E graça a Deus por isso! Costumo dizer que Santo só existe Um: Jesus Cristo! E nós santificados por Ele. Tal expressão (Ceia do Senhor) só vai aparecer em Paulo, mais especificamente na sua carta aos Coríntios; antes disso, não. Outra coisa, Ceia significa jantar. Então também poderíamos usar a expressão “Jantar do Senhor” em vez de “Ceia do Senhor”. Caro leitor, vá guardando essas informações para entendermos a revelação do Evangelho e a verdadeira Ceia do Senhor.
Ora, se a expressão “Ceia do Senhor” só aparece em Coríntios, então o que Jesus fez com seus discípulos na noite em que foi traído?
Ele fez a refeição em celebração da Páscoa judaica, a qual é da Lei de Moisés, veja:
“No primeiro dia da festa dos pães sem fermento, os discípulos dirigiram-se a Jesus e lhe perguntaram: “Onde queres que preparemos a refeição da Páscoa? “Ele respondeu dizendo que entrassem na cidade, procurassem um certo homem e lhe dissessem: “O Mestre diz: ‘O meu tempo está próximo. Vou celebrar a Páscoa com meus discípulos em sua casa”. Os discípulos fizeram como Jesus os havia instruído e prepararam a Páscoa.” Mateus 26:17-19
Nossa! Como assim! Jesus fez a páscoa? Pensava que era a “santa ceia”. Sim, isso mesmo, Ele fez a Páscoa. Porém, o que é a Páscoa? Páscoa ou Pessach (“passagem”, em hebraico) é uma celebração de tradição judaica que relembra a libertação do povo hebreu da escravidão no Egito. A celebração é feita por meio de uma refeição, ceia ou jantar que os Judeus comiam uma vez por ano. Essa refeição não inclui somente pão sem fermento e vinho, mas também guisado de feijão e carne de cordeiro (apesar de esses outros itens não terem sido mencionados na passagem em que narra o Senhor comendo a refeição da páscoa com seus discípulos). Então note que Jesus não instituiu um novo mandamento cerimonial para as gerações futuras, não; Ele apenas fez aquilo que já existia na Lei de Moisés e que deveria ser feito naquela momento: a Páscoa!
Se Jesus fez a Páscoa, e essa fazia parte da Lei de Moisés, logo nós, gentios, não podemos participar cerimonialmente desta refeição?
Sim, isso mesmo! Que coisa, não? Inclusive, é o que está claramente escrito em Êxodo:
“Disse o Senhor a Moisés e a Arão: “Estas são as leis da Páscoa: Nenhum estrangeiro poderá comê-la. O escravo comprado poderá comer da Páscoa, depois de circuncidado, mas o residente temporário e o trabalhador contratado dela não comerão.” Êxodo 12:43-45
“Toda a comunidade de Israel terá que celebrar a Páscoa.” Qualquer estrangeiro residente entre vocês que quiser celebrar a Páscoa do Senhor terá que circuncidar todos os do sexo masculino da sua família; então poderá participar como o natural da terra. Nenhum incircunciso poderá participar.” Êxodo 12:47,48
A última páscoa
Além de não podermos participar desta festa chamada de páscoa e jantar celebrativo judaico, aquela páscoa que Jesus celebrou com seus discípulos foi a última páscoa, repare:
“Eu lhes digo que, de agora em diante, não beberei deste fruto da videira até aquele dia em que beberei o vinho novo com vocês no Reino de meu Pai”. Mateus 26:29
E aqui há grande revelação: em outras palavras, Jesus estava dizendo que eles não mais beberiam daquele vinho físico celebrativo, mas sim daquilo que Ele chamou de “vinho novo”, o qual seria servido no Reino de Deus. Ora, o Reino de Deus não é deste mundo e não vem com visível aparência (Mateus 26:29; Lucas 17:20). O que Jesus queria dizer então? Qual o significado da Ceia do Senhor? E o seu real propósito?
Qual o significado e propósito da Ceia do Senhor para nós?
Agora que você já descobriu e entendeu que o que Senhor fez com seus discípulos não se tratava de uma cerimônia praticada religiosamente uma vez por mês em que se come um pedacinho de pão e se bebe um copinho de suco de uva, antes compreendeu que o que Jesus fez e comeu com Seus discípulos foi a refeição em celebração da páscoa judaica ordenada no antigo testamento apenas para os judeus e circuncisos; e que, além disso, aquela era, segundo Jesus, a última páscoa; deve estar se perguntando duas coisas.
Qual o significado/propósito da Ceia do Senhor para nós, gentios, hoje? E do que se trata aquela prática realizada em muitas igrejas uma vez por mês? Antes eu quero que você entenda que a páscoa, assim como outras coisas do antigo testamento, eram apenas “sombras”, ou seja, praticas simbólicas que apontavam para uma realidade que haveria de se cumprir (e que já se cumpriu): Cristo!
“Portanto, não permitam que ninguém os julgue pelo que vocês comem ou bebem, ou com relação a alguma festividade religiosa ou à celebração das luas novas ou dos dias de sábado. Estas coisas são sombras do que haveria de vir; a realidade, porém, encontra-se em Cristo.” Colossenses 2:16,17
O que nos restou da Páscoa, portanto, é aquilo que Paulo veio a chamar em Coríntios de “Ceia do Senhor”; e esta não se trata de uma cerimônia, ritual nem mesmo da celebração da páscoa Judaica (que aquela foi a última, se lembra?), mas sim de um significado, um ensinamento, um propósito. O propósito daquela última Páscoa era simbolizar a morte Cordeiro pascal (Jesus), a fim de introduzir o “vinho novo”, ou seja, a Graça de Deus, o perdão e a remissão dos pecados. Isso foi concretizado Nele!
“Porque isto é o meu sangue, o sangue do novo testamento (“vinho novo”), que é derramado por muitos, para remissão dos pecados.” Mateus 26:28
Um novo mandamento
Além disso, no mesmo contexto da páscoa, Jesus diz:
“Um novo mandamento vos dou: que vos ameis uns aos outros; assim como eu vos amei a vós, que também vós vos ameis uns aos outros” João 13:34
Creio que não é por acaso que este mandamento é chamado de novo e foi dado no mesmo contexto da última páscoa. O ensinamento de Jesus na Páscoa é esse: amem uns aos outros, assim como eu vos amei!
Teremos mais detalhes sobre o significado e o ensinamento da “Ceia do Senhor” quando chegarmos à famosa “Ceia do Senhor” em Coríntios, como fora dito, é lá que essa expressão é usada pela primeira vez. Sei que este estudo é um pouco longo, porém ele não se trata de leite, mas sim de alimento sólido e edificante.
Do que se trata aquela prática realizada em muitas denominações eclesiásticas chamada de “santa ceia”?
Tal prática seria uma espécie de caricatura da última ceia realizada por Jesus. Como ela, na prática, está longe de ser uma celebração pascal realizada pelos judeus; há outra alternativa: que ela foi baseada numa divindade romana pagã chamada de Mitra, onde se tinha a prática de comer pão e beber vinho. Entrar nos meandros do Mitraismo foge do objetivo de nosso estudo. Caso queira saber mais, clique aqui. A chamada “santa ceia” também não se parece em nada com aquele banquete realizado entre os Coríntios, como você verá mais adiante. Percebeu como é meio complicado você categorizar tal prática?
Os Coríntios e a Ceia do Senhor
Ao que tudo indica, aquilo que está descrito em Coríntios era uma festa chamada de festa ágape ou festa do amor, que era um reflexo da páscoa. Note que, nesse caso, não era a páscoa em si, mas sim algo inspirado nela. E era cultural, não um mandamento de Jesus. O objetivo era fazer um banquete (Ceia ou Jantar), em que cada um levava algo (quem não tinha nada, nada levava); e os pobres teriam que ser saciados (pelo menos em tese, pois vamos ver que não era isso que ocorria; daí a bronca de Paulo neles).
Talvez a grande confusão aqui seja porque Paulo usou o exemplo daquela ceia realizada pelo Senhor para ensinar e dar bronca nos Coríntios. Não é que ele (Paulo) estava ordenando aos Coríntios para que eles fizessem uma suposta “santa ceia”, a Páscoa ou mesmo aquela festa ágape; era um ensinamento que ele tirara da última Páscoa e aplicara àquele contexto dos Coríntios, entende?
O significado da Ceia do Senhor é união fraternal
Pois bem, normalmente, nas igrejas só é lido 1 Coríntios cap.: 11 a partir dos versículo 23 (que é onde começa “Porque recebi do Senhor o que também vos ensinei…”, que é a referência da última Páscoa que Paulo pega para ensinar e dar a bronca nos coríntios), porém há um motivo para a correção de Paulo. Esse motivo está nos 3 versículos antecedentes (20,21 e 22). Veja:
“Quando vocês se reúnem, não é para comer a ceia do Senhor, porque cada um come sua própria ceia sem esperar pelos outros. Assim, enquanto um fica com fome, outro se embriaga. Será que vocês não têm casa onde comer e beber? Ou desprezam a igreja de Deus e humilham os que nada têm? Que lhes direi? Eu os elogiarei por isso? Certamente que não!” 1 Coríntios 11:20-22
Ah! Então, na verdade, eles não estavam comendo a “Ceia do Senhor” porque a “Ceia do Senhor” é união fraternal e aquilo que eles estavam fazendo era uma desunião, em que cada um levava e comia a sua própria ceia, enquanto os que nada tinham ficavam com fome. Dá para você imaginar essa situação?
A exortação de Paulo nos Coríntios
A partir de agora vamos ver como Paulo exorta aos Coríntios (entre parênteses vão alguns comentários que precisarei fazer):
“Pois recebi do Senhor o que também lhes entreguei (ele não recebeu do Senhor a ordenança para fazer a Páscoa, Paulo nem estava lá naquele dia; muito menos uma suposta “santa ceia”, ele recebeu a revelação): que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão e, tendo dado graças, partiu-o e disse: “Isto é o meu corpo, que é dado em favor de vocês; façam isto em memória de mim”
(Note que aqui não é Paulo falando diretamente aos Coríntios, mas sim uma narrativa Paulina de Jesus naquela ocasião da última ceia, pois seus discípulos fariam aquilo como memorial, já que Jesus já estava, simbolicamente, morto. Hoje Ele esta vivo, portanto não tem sentindo fazer este memorial).
Da mesma forma, depois da ceia ele tomou o cálice e disse: “Este cálice é a nova aliança no meu sangue; façam isto, sempre que o beberem, em memória de mim”. Porque, sempre que comerem deste pão e beberem deste cálice, vocês anunciam a morte do Senhor até que venha” (Até que o Senhor ressuscitado retorne aos seus discípulos). 1 Coríntios 11:23-26
Como iremos anunciar a morte do Senhor se esse fato já aconteceu? Não faz sentido algum, não é mesmo? Então perceba que se trata de Jesus instruindo seus discípulos naquela noite. Até então Paulo só está narrando isso aos Coríntios.
Continuação da exortação de Paulo aos Coríntios – comendo e bebendo indignamente
A partir daqui Paulo começa a falar diretamente aos Coríntios (em parênteses, algumas observações para melhor entendimento do texto):
“Portanto, todo aquele que comer o pão ou beber o cálice do Senhor indignamente será culpado de pecar contra o corpo e o sangue do Senhor (pecar contra seus irmãos, que é o Corpo de Cristo). Examine-se o homem a si mesmo, e então coma do pão e beba do cálice (reflita se você está fazendo a coisa correta desprezando seus irmãos).
Pois quem come e bebe sem discernir o corpo do Senhor (sem levar em consideração e em respeito), come e bebe para sua própria condenação (condenação aqui tem o sentido de disciplina e não de perda de salvação, pois nenhuma condenação há para os que estão em Cristo, para aqueles que Ele comprou com seu sangue)
Por isso há entre vocês muitos fracos e doentes, e vários já dormiram (veja que se trata de colher frutos maus nesta vida, não de perda de salvação eterna). Mas, se nós nos examinássemos a nós mesmos, não receberíamos juízo (não receberíamos esse açoite de Deus). Quando, porém, somos julgados pelo Senhor, estamos sendo disciplinados (viu que se trata de disciplina divina, a Igreja não é bastarda) para que não sejamos condenados com o mundo (jamais seremos).”1 Coríntios 11:27-32
A conclusão de Paulo
“Portanto, meus irmãos, quando vocês se reunirem para comer, esperem uns pelos outros. Se alguém estiver com fome, coma em casa, para que, quando vocês se reunirem, isso não resulte em condenação. Quanto ao mais, quando eu for lhes darei instruções.” 1 Coríntios 11:33,34
Note, mais uma vez, que tudo aquilo que ele falou anteriormente havia um objetivo: “esperem uns pelos outros”, “Se alguém estiver com fome, coma em casa.”.
Concluindo
Então, concluindo, a verdadeira Ceia do Senhor não se trata de uma cerimônia ou ritual com hora marcada, mas sim de um ensinamento. Trata-se de “partir o pão” com respeito, compaixão e fraternidade entre irmãos. Portanto, a Ceia do Senhor acontece em todos os momento em que a Igreja está reunida dessa forma. Graça e Paz da parte de Deus, nosso Pai, e de nosso Senhor, Jesus Cristo.
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